Apesar de a doença não ter cura, a terapia ocupacional vem exercendo um papel importante no tratamento e no gerenciamento dos sintomas da EM, proporcionando mais independência e qualidade de vida aos pacientes.
A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória crônica e provavelmente autoimune que agride a bainha da mielina, substância que envolve e protege as fibras nervosas, o que compromete a função do sistema nervoso e pode levar a uma variedade de sintomas e desafios para os pacientes, além da imprevisibilidade de surtos. Entretanto, apesar de a doença não ter cura, a terapia ocupacional vem exercendo um papel importante no tratamento e no gerenciamento dos sintomas da EM, proporcionando mais independência e qualidade de vida aos pacientes.
Características
Considerada uma doença crônica do sistema nervoso central, a esclerose múltipla afeta principalmente o cérebro, a medula espinhal e os nervos ópticos. As lesões na mielina, conhecidas como placas, acontecem em diversas áreas do sistema nervoso central, e prejudicam a transmissão de sinais elétricos. Essas lesões variam de tamanho e localização, o que estimula uma gama de sintomas e progressão da doença.
Sintomas
No caso da EM, seus sintomas não aparecem de forma súbita, eles se manifestam aos poucos e atingem sua intensidade máxima em um período de dias e depois desaparecem. Esse período ativo da doença é caracterizado como surto.
Alguns dos sintomas mais comuns são:
– Fadiga intensa;
– Problemas de equilíbrio e de coordenação;
– Fraqueza muscular;
– Visão turva ou embaçada;
– Dormência ou formigamento nos membros;
– Dificuldades cognitivas;
– Problemas no controle da bexiga e do intestino;
– Alterações de humor.
“A progressão da EM é altamente variável. Os sintomas se desenvolvem ao longo de horas ou dias e, em seguida, diminuem gradualmente ao longo das semanas seguintes ou meses. O grande desafio consiste em passar por esse tempo de sintomas até chegar à remissão. E na possibilidade de não haver diminuição dos sintomas, pode tornar o paciente dependente de familiares.” – Enfatiza Victor Bittencourt, médico e diretor técnico da Lancers.
Causas
Acredita-se que a causa da doença esteja relacionada a fatores genéticos, ambientais ou imunológicos, como exposição à vírus, baixos níveis de vitamina D ou deficiências vitamínicas.
Diagnóstico
O diagnóstico da EM envolve:
– Análise do histórico médico;
– Avaliação dos sintomas;
– Exame neurológico para a avaliar a função cerebral, sensibilidade, força muscular, coordenação, reflexos e visão;
– Exames complementares como ressonância magnética (RM), exame de sangue, líquido cefalorraquidiano (LCR), entre outros.
Tratamento
As opções de tratamento da EM dependem da gravidade dos sintomas e das necessidades individuais de cada paciente.
A terapia ocupacional é um dos tratamentos que vem ganhando destaque nos últimos anos, pois ela se concentra em manter a independência do indivíduo ao adaptar às atividades diárias, às limitações impostas pela doença.
Entre seus benefícios estão:
– Avaliação e adaptação do ambiente doméstico e do trabalho do paciente, identificando barreiras e recomendando ações que tornem esses espaços mais seguros e acessíveis;
– Treinamento de habilidades funcionais, como técnicas de conservação de energia, estratégias de gerenciamento da fadiga, aprimoramento do equilíbrio e coordenação, entre outros;
– Prescrição e treinamento do uso de dispositivos de locomoção, caso sejam necessários;
– Estimulação cognitiva;
– Suporte emocional e psicossocial.
“O acompanhamento deve ser individualizado e feito por um neurologista. São várias as possibilidades de tratamento, e ele ficará responsável por encaminhar e indicar novas terapias. A terapia ocupacional vem como uma grande ferramenta multidisciplinar para que o paciente aumente suas chances de remissão de sintomas após um surto, e, principalmente, conquistar a maior autonomia possível para o paciente em sua rotina e ocupação de modo a reduzir o impacto familiar.” – Reforça Victor Bittencourt, médico e diretor técnico da Lancers.